quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Quase apagaram a minha luz, cheguei a ser só o eco de uma voz que um dia brilhou, mas um dia reencontrei a esperança e a luz voltou a brilhar. Me dei conta de que você estava aí, gritando sem medo que ainda acreditava em mim, e hoje por você e por mim estou aqui, com mais força, sem medo, com meu hino ao amor. A os corações partidos que vão juntando pedacinhos. Eu acredito.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Mesmo que você não queira ouvir,quero que você saiba que sempre será parte de mim. No tempo que passamos juntos,você conquistou um lugar especial no meu coração, que eu vou levar comigo para sempre e ninguém pode substituir. Você é um herói e um cavalheiro, você é gentil e honesto,mas, acima de tudo, você é o primeiro homem que amei verdadeiramente. E não importa o que o futuro traga,você sempre será, e sei que minha vida é melhor por causa disso.
Sinto muito,
Savannah (Querido Jhon)
Sinto muito,
Savannah (Querido Jhon)
"Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo. Mas me agarrei aquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se derretia."
(O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini)
"O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles tem uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer."
(A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak)
(A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak)
Lembre-se de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza, não é apenas comemorar no sucesso, mas aprender lições no fracasso, não é apenas ter júbilos nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar autor da sua própria história.
“É ter maturidade ao falar “Eu Errei” É ter ousadia em dizer “Me Perdoe” É ter sensibilidade para expressar “Eu preciso de você” é ter capacidade de dizer“Eu te “Amo”. Jamais desista de si mesmo, Jamais desista das pessoas que você ama, por mais longe em que elas estejam, mantenha contato, jamais desista de ser feliz, Pois a vida é um espetáculo imperdível.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza, não é apenas comemorar no sucesso, mas aprender lições no fracasso, não é apenas ter júbilos nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar autor da sua própria história.
“É ter maturidade ao falar “Eu Errei” É ter ousadia em dizer “Me Perdoe” É ter sensibilidade para expressar “Eu preciso de você” é ter capacidade de dizer“Eu te “Amo”. Jamais desista de si mesmo, Jamais desista das pessoas que você ama, por mais longe em que elas estejam, mantenha contato, jamais desista de ser feliz, Pois a vida é um espetáculo imperdível.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Ela 1 : Já teve um amor virtual ?
Ela 2 : Já, mas não foi bem virtual.
Ela 1 : Então o conheceu ?
Ela 2 : Conheci, eu senti as batidas do coração dele quando a abracei, pude ouvir o som do riso que só ele tinha, eu vi as estrelas ao lado dele, eu o conheci como ninguém.
Ela 1 : Que lindo, e quando isso aconteceu ?
Ela 2 : Quando eu acreditei que a amava o suficiente pra tocar a tela e sentir seu rosto.
Ela 2 : Já, mas não foi bem virtual.
Ela 1 : Então o conheceu ?
Ela 2 : Conheci, eu senti as batidas do coração dele quando a abracei, pude ouvir o som do riso que só ele tinha, eu vi as estrelas ao lado dele, eu o conheci como ninguém.
Ela 1 : Que lindo, e quando isso aconteceu ?
Ela 2 : Quando eu acreditei que a amava o suficiente pra tocar a tela e sentir seu rosto.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Tentando julgar o amor futuro pelo sofrimento passado. O amor é sempre novo. Não importa que amemos uma, duas, dez vezes na vida - sempre estamos diante de uma situação que não conhecemos. O amor pode nos levar ao inferno ou ao paraíso, mas sempre nos leva a algum lugar. É preciso aceitá-lo, porque ele é o alimento de nossa existência. Se nos recusamos, morreremos de fome vendo os galhos da árvore da vida arregados, sem coragem de estender a mão e colher os frutos. É preciso buscar o amor onde estiver, mesmo que isto signifique horas, dias, semanas de decepção e tristeza. Porque, no momento em que partirmos em busca do amor, ele também parte ao nosso encontro. E nos salva.
Um dia soube que estava dando palestras. Fiquei surpresa, porque era jovem demais
para ensinar qualquer coisa. Mas, há duas semanas, me mandou um cartão dizendo que iria falar
para um pequeno grupo em Madrid, e fazia questão da minha presença.
Viajei por quatro horas, de Zaragoza a Madrid, porque queria tornar a vê-lo. Queria
escutá-lo. Queria sentar com ele em um bar, lembrar os tempos em que brincávamos juntos, e
achávamos que o mundo era grande demais para ser percorrido.
para ensinar qualquer coisa. Mas, há duas semanas, me mandou um cartão dizendo que iria falar
para um pequeno grupo em Madrid, e fazia questão da minha presença.
Viajei por quatro horas, de Zaragoza a Madrid, porque queria tornar a vê-lo. Queria
escutá-lo. Queria sentar com ele em um bar, lembrar os tempos em que brincávamos juntos, e
achávamos que o mundo era grande demais para ser percorrido.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
- Emily você quer ... casar comigo ?
- Eu não te vejo a semanas, você não parece feliz nem ansioso com a perspectiva do nosso casamento, ta me pedindo pra abrir mão da minha liberdade, da minha alegria de viver por uma instituição que tem 50% de chance de vingar e quer que eu me case com você ? Aliais por que quer que eu me case com você ? É algum tipo de desejo pra preencher um ideal que a sociedade nos impingi na juventude pra promover um evento consumista capitalista ?
- Ah meu Deus . Escute ... quero me casar com você, por que é a primeira pessoa que quero ver ao acordar pela manhã e a única que eu quero dar um beijo de boa noite. Por que a primeira vez que eu vi essas mãos, não pude imaginar não poder segurá-las. Mas principalmente, porque quando se ama alguém como eu te amo casar é a única coisa a fazer ... Então você quer casar comigo ?
- Com certeza .
( Três vezes amor - Filme )
- Eu não te vejo a semanas, você não parece feliz nem ansioso com a perspectiva do nosso casamento, ta me pedindo pra abrir mão da minha liberdade, da minha alegria de viver por uma instituição que tem 50% de chance de vingar e quer que eu me case com você ? Aliais por que quer que eu me case com você ? É algum tipo de desejo pra preencher um ideal que a sociedade nos impingi na juventude pra promover um evento consumista capitalista ?
- Ah meu Deus . Escute ... quero me casar com você, por que é a primeira pessoa que quero ver ao acordar pela manhã e a única que eu quero dar um beijo de boa noite. Por que a primeira vez que eu vi essas mãos, não pude imaginar não poder segurá-las. Mas principalmente, porque quando se ama alguém como eu te amo casar é a única coisa a fazer ... Então você quer casar comigo ?
- Com certeza .
( Três vezes amor - Filme )
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
sábado, 1 de janeiro de 2011
"Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!"
Le Petit Prince
Paramos para tomar um café.
– A vida te ensinou muitas coisas – eu disse, tentando manter a conversa.
– Me ensinou que podemos aprender, me ensinou que podemos mudar – respondeu
ele. – Mesmo que pareça impossível.
Estava cortando o assunto. Quase não tínhamos conversado durante as duas horas
de viagem até aquele bar de estrada.
No começo, procurei relembrar nosso tempo de infância, mas ele apenas
demonstrava um interesse educado. Não estava sequer me ouvindo, e fazia perguntas sobre coisas
que eu já dissera.
Alguma coisa parecia estar errada. Podia ser que o tempo e a distância o tivessem
afastado para sempre do meu mundo. “Ele fala sobre instantes mágicos”, pensei. “Que diferença faz
a carreira que seguiram Carmem, Santiago ou Maria?” Seu universo era outro, Soria se resumia a
uma lembrança distante – parada no tempo, com os amigos de infância ainda na infância, e os
velhos ainda vivos e fazendo o que faziam há vinte e nove anos.
Comecei a ficar arrependida de ter aceito a carona. Quando ele mudou de novo de
assunto, durante o café, resolvi não insistir mais.
As duas horas restantes, até Bilbao, foram uma verdadeira tortura. Ele olhava para a
estrada, eu olhava pela janela, e nenhum dos dois escondia o mal-estar que se havia instalado. O
carro alugado não tinha rádio, e o jeito foi agüentar o silêncio.
– Vamos perguntar onde é a estação de ônibus – eu disse, assim que saímos da
auto-estrada. – Existe uma linha regular para Zaragoza.
Era hora da sesta, e havia pouca gente nas ruas. Passamos por um senhor, por um
casal de jovens, e ele não parou para pedir informação.
– Você sabe onde é? – perguntei, depois de algum tempo.
– Onde é o quê?
Ele continuava sem escutar o que eu dizia.
De repente, entendi o silêncio. O que ele tinha a conversar com uma mulher que
nunca havia se aventurado pelo mundo? Qual a graça de se estar ao lado de alguém que tem medo
do desconhecido, que prefere um emprego seguro e um casamento convencional? Eu – pobre de
mim – falava dos mesmos amigos de infância, das lembranças empoeiradas de um povoado
insignificante. Era meu único assunto.
– Pode me deixar aqui mesmo – eu disse, quando chegamos ao que parecia ser o
centro da cidade. Tentava parecer natural, mas sentia-me tola, infantil e aborrecida.
Ele não parou o carro.
– Tenho que tomar o ônibus de volta para Zaragoza – insisti.
– Nunca estive aqui. Não sei onde é o meu hotel. Não sei onde é a conferência. Não
sei onde fica a estação de ônibus.
– Eu dou um jeito, não se preocupe.
Ele diminuiu a velocidade, mas continuou dirigindo.
– Gostaria... – disse.
Por duas vezes não conseguiu terminar a frase. Eu imaginava o que ele gostaria:
agradecer minha companhia, mandar algumas lembranças aos amigos, e – desta maneira – aliviar
aquela sensação desagradável.
– Gostaria que você fosse comigo à conferência hoje à noite – disse finalmente.
Levei um susto. Talvez estivesse tentando ganhar tempo para consertar o silêncio
constrangedor da viagem.
– Gostaria muito que você fosse comigo – repetiu.
Eu podia ser uma moça do interior, sem grandes histórias de vida para contar, sem o brilho e a presença das mulheres da cidade. Mas a vida do interior, embora não deixe a mulher mais elegante ou preparada, ensina como escutar o coração – e entender seus instintos.
Para minha surpresa, meu instinto dizia que ele estava sendo sincero.
Respirei aliviada. Claro que não ia ficar para conferência alguma, mas ao menos o
amigo querido parecia estar de volta, me chamando para suas aventuras, dividindo comigo seus
medos e vitórias.
– Obrigada pelo convite – respondi. – Mas não tenho dinheiro para o hotel, e
preciso voltar para meus estudos.
– Eu tenho algum dinheiro. Você pode ficar no meu quarto. Pedimos duas camas
separadas.
Reparei que ele estava começando a suar, apesar do frio. Meu coração começou a dar sinais de alarme, que não conseguia identificar. A sensação de alegria de momentos antes foi substituída por uma imensa confusão.
Ele parou o carro de repente, e me olhou direto nos olhos.
Ninguém consegue mentir, ninguém consegue esconder nada quando olha direto
nos olhos.
E toda mulher, com um mínimo de sensibilidade, consegue ler os olhos de um homem apaixonado. Por mais absurdo que pareça, por mais fora de lugar e de tempo que esta paixão possa se manifestar. Me lembrei imediatamente das palavras da mulher ruiva na fonte.
Não era possível. Mas era verdade.
Eu nunca, nunca em minha vida tinha pensado que – tanto tempo depois – ele ainda
se lembrava. Éramos crianças, vivíamos juntos, e descobrimos o mundo de mãos dadas. Eu o amei –
se é que uma criança consegue entender direito o significado do amor. Mas aquilo acontecera há
muito tempo – numa outra vida, onde a inocência deixa o coração aberto para o que há de melhor na
vida.
Agora éramos adultos e responsáveis. As coisas da infância eram coisas da infância.
Tornei a olhar seus olhos. Eu não queria ou não conseguia acreditar.
– Tenho mais esta conferência, e depois vêm os feriados da Imaculada Conceição.
Preciso ir até as montanhas – continuou. – Preciso lhe mostrar algo.
O homem brilhante, que falava de instantes mágicos, estava ali na minha frente – agindo da maneira mais errada possível. Avançava rápido demais, estava inseguro, fazia propostas confusas. Era duro vê-lo desta maneira.
Abri a porta, saí e recostei-me no carro. Fiquei olhando a avenida quase deserta.
Acendi um cigarro e procurei não pensar. Podia disfarçar, fingir que não estava entendendo – podia
tentar convencer a mim mesma que era realmente a proposta de um amigo para uma amiga de
infância. Talvez ele estivesse muito tempo viajando, e começasse a confundir as coisas.
Talvez eu estivesse exagerando.
Ele saltou do carro e sentou-se ao meu lado.
– Gostaria que você ficasse para a conferência esta noite – disse, mais uma vez. –
Mas, se não puder, eu entendo.
Pronto. O mundo dera uma volta inteira, e retornava ao seu lugar. Não era nada do
que eu pensava – ele já não insistia mais, já estava disposto a me deixar partir. Homens apaixonados
não se comportam desta maneira.
Senti-me tola e aliviada ao mesmo tempo. Sim, eu podia ficar, pelo menos mais um
dia. Jantaríamos juntos, e nos embriagaríamos um pouco – coisa que jamais fizemos quando crianças. Era uma boa chance para esquecer as bobagens que eu havia pensado minutos antes, uma
boa oportunidade para quebrar o gelo que nos acompanhou desde Madrid.
Um dia não ia fazer diferença. Pelo menos, ia ter alguma coisa para contar às
minhas amigas.
– Camas separadas – disse eu, em tom de brincadeira. – E você paga o jantar,
porque continuo estudante até esta idade. Não tenho dinheiro.
Colocamos as malas no quarto do hotel, e descemos para caminhar até o local da
conferência. Chegamos cedo, e nos sentamos num café.
– Quero te dar uma coisa – disse ele, me entregando um pequeno saco vermelho.
Abri na mesma hora. Dentro, uma medalha velha e enferrujada – com Nossa
Senhora das Graças de um lado, e o Sagrado Coração de Jesus do outro.
– Era sua – disse ele, ao ver minha cara de surpresa.
Meu coração começou de novo a dar sinais de alarme.
– Um dia – era um outono como este agora, e nós devíamos ter dez anos – sentei
com você na praça onde tem o grande carvalho.
“Eu ia dizer algo, algo que ensaiara durante semanas a fio. Assim que comecei,
você me disse que havia perdido sua medalha na ermida de são Satúrio, e me pediu para ir procurá-
la.”
Eu me lembrava. Ah, Deus, eu me lembrava.
– Consegui encontrá-la. Mas, quando voltei para a praça, já não tinha mais coragem
de dizer o que havia ensaiado – continuou.
“Então prometi a mim mesmo que só tornaria a lhe entregar a medalha quando pudesse completar a frase que comecei a dizer naquele dia, há quase vinte anos. Durante muito tempo tentei esquecer, mas a frase continuou presente. Não posso viver mais com ela.”
Ele parou o café, acendeu um cigarro, e ficou um longo tempo olhando o teto.
Depois virou-se para mim.
– A frase é muito simples – disse.
“Eu te amo.”
– A vida te ensinou muitas coisas – eu disse, tentando manter a conversa.
– Me ensinou que podemos aprender, me ensinou que podemos mudar – respondeu
ele. – Mesmo que pareça impossível.
Estava cortando o assunto. Quase não tínhamos conversado durante as duas horas
de viagem até aquele bar de estrada.
No começo, procurei relembrar nosso tempo de infância, mas ele apenas
demonstrava um interesse educado. Não estava sequer me ouvindo, e fazia perguntas sobre coisas
que eu já dissera.
Alguma coisa parecia estar errada. Podia ser que o tempo e a distância o tivessem
afastado para sempre do meu mundo. “Ele fala sobre instantes mágicos”, pensei. “Que diferença faz
a carreira que seguiram Carmem, Santiago ou Maria?” Seu universo era outro, Soria se resumia a
uma lembrança distante – parada no tempo, com os amigos de infância ainda na infância, e os
velhos ainda vivos e fazendo o que faziam há vinte e nove anos.
Comecei a ficar arrependida de ter aceito a carona. Quando ele mudou de novo de
assunto, durante o café, resolvi não insistir mais.
As duas horas restantes, até Bilbao, foram uma verdadeira tortura. Ele olhava para a
estrada, eu olhava pela janela, e nenhum dos dois escondia o mal-estar que se havia instalado. O
carro alugado não tinha rádio, e o jeito foi agüentar o silêncio.
– Vamos perguntar onde é a estação de ônibus – eu disse, assim que saímos da
auto-estrada. – Existe uma linha regular para Zaragoza.
Era hora da sesta, e havia pouca gente nas ruas. Passamos por um senhor, por um
casal de jovens, e ele não parou para pedir informação.
– Você sabe onde é? – perguntei, depois de algum tempo.
– Onde é o quê?
Ele continuava sem escutar o que eu dizia.
De repente, entendi o silêncio. O que ele tinha a conversar com uma mulher que
nunca havia se aventurado pelo mundo? Qual a graça de se estar ao lado de alguém que tem medo
do desconhecido, que prefere um emprego seguro e um casamento convencional? Eu – pobre de
mim – falava dos mesmos amigos de infância, das lembranças empoeiradas de um povoado
insignificante. Era meu único assunto.
– Pode me deixar aqui mesmo – eu disse, quando chegamos ao que parecia ser o
centro da cidade. Tentava parecer natural, mas sentia-me tola, infantil e aborrecida.
Ele não parou o carro.
– Tenho que tomar o ônibus de volta para Zaragoza – insisti.
– Nunca estive aqui. Não sei onde é o meu hotel. Não sei onde é a conferência. Não
sei onde fica a estação de ônibus.
– Eu dou um jeito, não se preocupe.
Ele diminuiu a velocidade, mas continuou dirigindo.
– Gostaria... – disse.
Por duas vezes não conseguiu terminar a frase. Eu imaginava o que ele gostaria:
agradecer minha companhia, mandar algumas lembranças aos amigos, e – desta maneira – aliviar
aquela sensação desagradável.
– Gostaria que você fosse comigo à conferência hoje à noite – disse finalmente.
Levei um susto. Talvez estivesse tentando ganhar tempo para consertar o silêncio
constrangedor da viagem.
– Gostaria muito que você fosse comigo – repetiu.
Eu podia ser uma moça do interior, sem grandes histórias de vida para contar, sem o brilho e a presença das mulheres da cidade. Mas a vida do interior, embora não deixe a mulher mais elegante ou preparada, ensina como escutar o coração – e entender seus instintos.
Para minha surpresa, meu instinto dizia que ele estava sendo sincero.
Respirei aliviada. Claro que não ia ficar para conferência alguma, mas ao menos o
amigo querido parecia estar de volta, me chamando para suas aventuras, dividindo comigo seus
medos e vitórias.
– Obrigada pelo convite – respondi. – Mas não tenho dinheiro para o hotel, e
preciso voltar para meus estudos.
– Eu tenho algum dinheiro. Você pode ficar no meu quarto. Pedimos duas camas
separadas.
Reparei que ele estava começando a suar, apesar do frio. Meu coração começou a dar sinais de alarme, que não conseguia identificar. A sensação de alegria de momentos antes foi substituída por uma imensa confusão.
Ele parou o carro de repente, e me olhou direto nos olhos.
Ninguém consegue mentir, ninguém consegue esconder nada quando olha direto
nos olhos.
E toda mulher, com um mínimo de sensibilidade, consegue ler os olhos de um homem apaixonado. Por mais absurdo que pareça, por mais fora de lugar e de tempo que esta paixão possa se manifestar. Me lembrei imediatamente das palavras da mulher ruiva na fonte.
Não era possível. Mas era verdade.
Eu nunca, nunca em minha vida tinha pensado que – tanto tempo depois – ele ainda
se lembrava. Éramos crianças, vivíamos juntos, e descobrimos o mundo de mãos dadas. Eu o amei –
se é que uma criança consegue entender direito o significado do amor. Mas aquilo acontecera há
muito tempo – numa outra vida, onde a inocência deixa o coração aberto para o que há de melhor na
vida.
Agora éramos adultos e responsáveis. As coisas da infância eram coisas da infância.
Tornei a olhar seus olhos. Eu não queria ou não conseguia acreditar.
– Tenho mais esta conferência, e depois vêm os feriados da Imaculada Conceição.
Preciso ir até as montanhas – continuou. – Preciso lhe mostrar algo.
O homem brilhante, que falava de instantes mágicos, estava ali na minha frente – agindo da maneira mais errada possível. Avançava rápido demais, estava inseguro, fazia propostas confusas. Era duro vê-lo desta maneira.
Abri a porta, saí e recostei-me no carro. Fiquei olhando a avenida quase deserta.
Acendi um cigarro e procurei não pensar. Podia disfarçar, fingir que não estava entendendo – podia
tentar convencer a mim mesma que era realmente a proposta de um amigo para uma amiga de
infância. Talvez ele estivesse muito tempo viajando, e começasse a confundir as coisas.
Talvez eu estivesse exagerando.
Ele saltou do carro e sentou-se ao meu lado.
– Gostaria que você ficasse para a conferência esta noite – disse, mais uma vez. –
Mas, se não puder, eu entendo.
Pronto. O mundo dera uma volta inteira, e retornava ao seu lugar. Não era nada do
que eu pensava – ele já não insistia mais, já estava disposto a me deixar partir. Homens apaixonados
não se comportam desta maneira.
Senti-me tola e aliviada ao mesmo tempo. Sim, eu podia ficar, pelo menos mais um
dia. Jantaríamos juntos, e nos embriagaríamos um pouco – coisa que jamais fizemos quando crianças. Era uma boa chance para esquecer as bobagens que eu havia pensado minutos antes, uma
boa oportunidade para quebrar o gelo que nos acompanhou desde Madrid.
Um dia não ia fazer diferença. Pelo menos, ia ter alguma coisa para contar às
minhas amigas.
– Camas separadas – disse eu, em tom de brincadeira. – E você paga o jantar,
porque continuo estudante até esta idade. Não tenho dinheiro.
Colocamos as malas no quarto do hotel, e descemos para caminhar até o local da
conferência. Chegamos cedo, e nos sentamos num café.
– Quero te dar uma coisa – disse ele, me entregando um pequeno saco vermelho.
Abri na mesma hora. Dentro, uma medalha velha e enferrujada – com Nossa
Senhora das Graças de um lado, e o Sagrado Coração de Jesus do outro.
– Era sua – disse ele, ao ver minha cara de surpresa.
Meu coração começou de novo a dar sinais de alarme.
– Um dia – era um outono como este agora, e nós devíamos ter dez anos – sentei
com você na praça onde tem o grande carvalho.
“Eu ia dizer algo, algo que ensaiara durante semanas a fio. Assim que comecei,
você me disse que havia perdido sua medalha na ermida de são Satúrio, e me pediu para ir procurá-
la.”
Eu me lembrava. Ah, Deus, eu me lembrava.
– Consegui encontrá-la. Mas, quando voltei para a praça, já não tinha mais coragem
de dizer o que havia ensaiado – continuou.
“Então prometi a mim mesmo que só tornaria a lhe entregar a medalha quando pudesse completar a frase que comecei a dizer naquele dia, há quase vinte anos. Durante muito tempo tentei esquecer, mas a frase continuou presente. Não posso viver mais com ela.”
Ele parou o café, acendeu um cigarro, e ficou um longo tempo olhando o teto.
Depois virou-se para mim.
– A frase é muito simples – disse.
“Eu te amo.”
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